A ideia de que a ciência só diz respeito aos cientistas é tão anticientífica como é antipoética pretender que a poesia só diz respeito aos poetas. Gabriel García Márquez.
A epígrafe acima já nos posiciona: vivemos em um território onde arte e ciência conversam, ecoam e se amplificam — e é exatamente esse espírito que permeia o acontecimento que ora celebramos.
Recebi com alegria o convite para a posse do confrade Paulo Amado na presidência da SOBRAMES Sergipe. Aceitei não apenas pela deferência, mas pela simbologia do momento. Paulo sucede Lúcio Prado Dias, que não apenas resgatou a SOBRAMES fundada por seu saudoso irmão, Marcos Dias, como também lhe devolveu vida, prestígio e visibilidade. Fê-lo com a delicadeza de quem sabe que tradição não é rigidez — é permanência que pulsa.
Sob a liderança de Lúcio, a SOBRAMES floresceu. Ganhou fôlego e páginas, com antologias que imortalizam a produção intelectual de nossos pares. Ganhou também presença — em eventos, em falas, em redes, em afetos. Foi com naturalidade que vimos sua trajetória culminar na presidência da SOBRAMES Nacional, uma consagração justa e inevitável para quem fez tanto com tão pouco alarde.
Lúcio é, antes de tudo, um defensor das artes e das letras, um apaixonado pela beleza que emerge quando a medicina se encontra com a literatura, a música e a filosofia. Parabenizo-o com entusiasmo pela sua gestão e pelas múltiplas ações que tornaram a SOBRAMES mais do que uma entidade — tornaram-na um espaço de pertencimento.
Paulo Amado, por sua vez, não chega como novidade, mas como continuidade. Companheiro fiel de Lúcio em tantas frentes — na SOBRAMES, na Academia Sergipana de Medicina, em tantas outras entidades culturais —, é, sem dúvida, o homem certo para seguir alimentando esse legado. Os dois compartilham princípios, ideias e sobretudo uma crença comum: a de que a medicina não se basta sem a cultura, e que a cultura é mais plena quando acolhe a medicina em sua narrativa.
Aproveito também para registrar meu agradecimento à Banda SOBRAMES — formada por Lúcio, João Alberto, Sérgio Lopes, José Carlos Santana,, André Leite e César Faro — pela confirmação de presença no Congresso do Círculo Brasileiro de Psicanálise e na Jornada Sergipana de Psiquiatria, que acontecerão de 7 a 9 de agosto de 2025, no Hotel Arcus. Teremos um pocket show na abertura do evento, celebrando essa integração entre som, saber e sensibilidade.
Esse momento, aliás, me toca de forma particular. Fui presidente nacional do Círculo Brasileiro de Psicanálise no biênio 2008-2010 e, naquela ocasião, também fui anfitriã desse mesmo congresso em Aracaju. Hoje, sou novamente ungida pela graça de receber colegas e amigos de todo o país — e mais uma vez em minha terra, mais uma vez com o coração aberto.
O tema escolhido — “O Adulto Maduro” — nos convoca a um debate que ultrapassa fronteiras disciplinares. Não é apenas psicanalítico ou psiquiátrico. É filosófico, antropológico, poético até. Interessa ao clínico, ao geriatra, ao professor, ao sacerdote, ao político. Interessa a todos que compreendem que a maturidade é um território de travessia, e que envelhecer não é apenas acumular anos, mas metabolizar experiências.
E, assim como Márquez nos lembra que a ciência e a poesia habitam o mesmo reino de humanidade — tão interdependentes –, congratulo Paulo Amado e Lúcio Prado Dias por personificarem essa união: médicos e artistas, confrades e construtores, tocando a alma com precisão, sensibilidade e integridade.
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