“A pior solidão é aquela que nos acompanha mesmo quando estamos rodeados de pessoas” Padre Fábio de Melo
Falar sobre depressão nunca foi fácil. Ainda mais quando se é uma figura pública, um líder religioso, uma referência para tantas pessoas. Mas o que acontece quando alguém como Padre Fábio de Melo admite que voltou a ter sintomas de depressão e que, em algum momento, já pensou em morrer?
A resposta não está apenas na repercussão da notícia, mas na força que essa atitude tem para quebrar tabus e enfrentar, de uma vez por todas, o preconceito contra as doenças mentais.
Durante muito tempo, a depressão foi vista como fraqueza, falta de fé, falta de força de vontade. Ainda hoje, há quem trate a dor psíquica como algo que pode ser resolvido com frases de efeito, conselhos bem-intencionados ou um simples “vá rezar que passa”.
Mas quando um padre – e não qualquer padre, mas um dos mais influentes do Brasil – assume publicamente seu sofrimento, fica impossível ignorar a realidade: a depressão não escolhe profissão, religião, status social ou nível de fama. Ela existe e precisa ser tratada com seriedade.
Admitir um sofrimento psíquico não é um ato de rendição, mas de coragem. Quando Padre Fábio de Melo compartilha sua dor, ele não apenas humaniza sua trajetória, mas dá voz a milhões de pessoas que sofrem caladas.
E, ao fazer isso, ele ajuda a derrubar um dos preconceitos mais cruéis que ainda enfrentamos: a psicofobia, a discriminação contra pessoas que lidam com transtornos mentais.
A ideia de que quem tem fé não pode adoecer emocionalmente é um erro que ainda persiste. Mas depressão não é falta de Deus, não é fraqueza, não é preguiça. Depressão é uma doença séria, com causas multifatoriais, que exige acompanhamento médico, psicológico e, em muitos casos, tratamento medicamentoso.
Padre Fábio de Melo entende isso e tem usado sua visibilidade para abrir esse diálogo de forma franca, sem rodeios. Quantas pessoas, ao ouvirem seu depoimento, puderam se reconhecer em sua dor e, pela primeira vez, sentiram que não estão sozinhas? Quantos puderam perceber que não é preciso sofrer em silêncio, que buscar ajuda não é um sinal de fracasso, mas de compromisso com a própria vida?
Se há algo que a fala de Padre Fábio nos ensina é que ninguém está imune à dor emocional. Mas reconhecer essa dor, falar sobre ela e buscar ajuda pode ser o primeiro passo para sair da escuridão.
Depressão não é frescura. Não é falta de Deus. Não é drama. É uma condição real e precisa ser tratada com respeito. Agora me diga: quantas pessoas ainda precisam ouvir essa mensagem para entender que pedir ajuda é um ato de coragem?
originalmente do JLPolitica.com.br