“O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”
Martin Luther King Jr.
Janeiro está chegando ao fim, mas com ele não pode acabar a reflexão sobre a saúde mental. O Janeiro Branco veio como um convite a pensar sobre aquilo que carregamos na mente e no coração, mas que muitas vezes é deixado de lado, seja por vergonha, seja por falta de tempo, ou – sejamos honestos – porque a vida não nos dá trégua. E o que acontece quando empurramos nossas emoções para debaixo do tapete? Elas encontram uma forma de gritar.
Martin Luther King dizia que o que o preocupava não era o grito dos maus, mas o silêncio dos bons. A saúde mental segue o mesmo princípio: o que mais nos faz adoecer não são apenas os grandes traumas ou os desafios da vida, mas aquele silêncio interno que construímos quando ignoramos nossas dores emocionais. Sabe aquele “deixa pra lá, eu aguento”? Ele pode até funcionar por um tempo, mas tem um custo – e a conta sempre chega.
A pandemia nos mostrou isso de forma implacável. De repente, fomos todos forçados a desacelerar – ou, pelo menos, tentamos. As demandas emocionais se tornaram inadiáveis. Ansiedade, insônia, estresse… Tudo veio à tona, como se o mundo tivesse parado só para que nós olhássemos para o que estava guardado. Foi nesse contexto que o Janeiro Branco ganhou mais força, trazendo a discussão sobre saúde mental para o centro do palco.
Mas será que estamos realmente ouvindo? Muitas vezes, ao falar de saúde mental, a imagem que surge é de algo distante, quase inacessível. “Ah, isso é para quem tem tempo”, “é coisa de gente frágil”, “eu não preciso de terapia, só de férias”. O problema é que saúde mental não é um luxo, e muito menos algo reservado para momentos de calmaria. É uma necessidade básica, tão importante quanto cuidar do corpo.
E aqui está o ponto: cuidar da mente não é só para quando ela dá sinais de colapso. É para antes disso. É como um jardim. Se você não regar as plantas, arrancar as ervas daninhas e cuidar do solo, ele não floresce. E, quando menos espera, está seco e sem vida. A mente funciona de maneira parecida. Não adianta esperar por uma crise para começar a cuidar. A prevenção sempre será mais eficaz – e mais leve.
Talvez você esteja pensando: “Ok, mas como eu começo?” Não existe uma resposta única, mas há caminhos possíveis. Terapia é um deles, mas não o único. Conversar com alguém em quem você confia, rever prioridades, criar pequenos momentos de pausa ao longo do dia. Às vezes, cuidar da mente é simplesmente respeitar o cansaço e permitir-se parar. Outras vezes, é pedir ajuda. E pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de coragem.
Janeiro acaba, mas o compromisso com a saúde mental não pode ter data para terminar. É um pacto diário consigo mesmo: ouvir a mente antes que ela precise gritar. Porque a vida, apesar de todas as suas demandas, só faz sentido quando conseguimos vivê-la com equilíbrio e presença.
Então, deixo aqui um convite: que tal usar este finalzinho de janeiro para refletir sobre como você tem cuidado de sua saúde mental? Não precisa ser algo grandioso. Basta começar. Como diz Martin Luther King, o silêncio pode ser perigoso. Não silencie sua mente. Ouça-a. Cuide dela e dê a si mesmo o espaço que merece. Porque a saúde mental não é apenas o que nos mantém vivos. É o que nos permite viver de verdade.
originalmente do JLPolitica.com.br