“Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento” Eleanor Roosevelt
Recentemente, assisti a um Reels da psicanalista Andrea Vermont que me provocou uma reflexão profunda. Ela falava sobre aquelas situações incômodas em que você descobre que estão falando mal de você pelas costas. A orientação dela era direta e acolhedora: “Relaxe. Não é que eles queiram seu mal. É você que os incomoda. Seu sucesso os incomoda. Isso é sinal de que você está no caminho certo. Ignore. Você evoluiu”.
Palavras como essas tocam pontos nevrálgicos da nossa experiência humana. Quem nunca se sentiu ferido, injustiçado ou paralisado ao descobrir-se alvo da maledicência alheia? Quem nunca se questionou se vale a pena continuar quando o que deveria ser motivo de celebração se torna motivo de inveja?
Vivemos em um tempo de exposição constante. Redes sociais amplificam vitórias e derrotas. E, inevitavelmente, a luz que emana de alguém que prospera pode incomodar os olhos de quem ainda não suportou olhar para as próprias sombras. Em linguagem psicanalítica, diríamos que o outro é tomado como tela de projeção das próprias insuficiências e desejos recalcados. O sucesso do outro aciona o insucesso interno.
Mas não se trata de combater ou retaliar. A resposta é justamente o que Andrea Vermont sugere: relaxe. Ignorar não é indiferença. É sabedoria. É não se deixar arrastar pelo barulho externo que tenta abafar a melodia da própria evolução. A maledicência se alimenta da reatividade; o silêncio, por vezes, é a voz mais eloquente da maturidade emocional.
A epígrafe de Eleanor Roosevelt ecoa nesse contexto: “Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem o seu consentimento”. Sim, há sempre a possibilidade de não consentir com a desqualificação que tentam nos impor. E isso é uma forma de cuidado com a própria saúde mental, uma atitude ética consigo mesmo.
Muitas vezes, em consultório, escuto histórias de pessoas paralisadas por medo do julgamento, reféns da opinião alheia, sabotadas por vozes externas que elas tomam como verdades internas. A essas pessoas, proponho um deslocamento: e se o incômodo que você causa for exatamente a prova de que está quebrando ciclos, crescendo, superando expectativas que o outro não suportou superar em si mesmo?
É preciso coragem para existir com inteireza em um mundo que recompensa a mediocridade camuflada de humildade e pune a autenticidade como arrogância. Mas é essa coragem que sustenta a integridade. E integridade não é perfeição, mas coerência entre o que se é, o que se sente e o que se vive.
Portanto, se você anda incomodando, parabéns. Sinal de que você não está mais cabendo nos moldes antigos, nos afetos condicionados, nas relações que exigiam que você se diminuísse para caber no campo de conforto do outro.
Permita-se ocupar o espaço da sua própria grandeza. Quem quiser estar por perto, que se expanda também. Quem não quiser, que fale pelas costas. Como diria o provérbio: “Cachorro que late não morde”. A vida pede movimento, e não há música mais bonita do que a que você toca quando está em paz consigo mesmo.
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